top of page

Não trato como prioridade aqueles que me tratam como opção...


A sensação de ser deixado à margem, de ter o valor diminuído aos olhos de alguém, é um eco doloroso que todos conhecemos. Surge, então, a tentação de erguer muralhas, de aplicar a fria lógica do "tratarei como me tratam". Mas essa armadura, por mais sedutora que seja, esconde um labirinto de solidão e o risco de nos transformarmos naquilo que tanto nos fere.


Não se trata de negar a dor, mas de olhar para ela com a sabedoria de quem compreende a complexidade das relações. Precisamos questionar: estamos construindo autorespeito ou apenas nutrindo a rigidez?


É fácil cair na armadilha de pintar o outro como vilão, de enxergar suas ações como reflexo direto do nosso valor. Esquecemos que cada pessoa carrega um universo de lutas, muitas vezes silenciosas e invisíveis. O amigo que se distancia, o colega que ignora, podem estar navegando tempestades internas que desconhecemos. Cortar laços sem tentar compreender é fechar portas para finais alternativos, para a chance de encontrar a humanidade que reside em cada um.


As relações humanas não seguem a lógica cartesiana. Contar gestos, esperar a reciprocidade milimétrica, transforma o amor e a amizade em meras transações. Essa abordagem fria e calculista nos aprisiona em um labirinto de expectativas rígidas, onde a solidão se torna o preço da "justiça". E o que resta, senão um eco vazio, a lembrança de que estávamos certos, mas terrivelmente sozinhos?


A retaliação, o ato de devolver a frieza na mesma moeda, nos transforma em um reflexo daquilo que nos magoou. Construímos um ciclo vicioso de desprezo, onde somos, ao mesmo tempo, vítima e perpetrador. A sutileza com que nos tornamos aquilo que criticamos é assustadora: cancelamos o outro antes de perguntar "por quê?", fechamos portas antes de entender a jornada alheia.


O verdadeiro autorespeito reside no delicado equilíbrio entre proteger-se e abrir-se. É a capacidade de estabelecer limites saudáveis, sem se isolar em uma fortaleza de rancor. Antes de cortar laços, perguntemos: "Está tudo bem?". Antes de julgar, recordemos: "Todos carregamos um peso invisível". E se, mesmo assim, a reciprocidade não chegar e a relação continuar tóxica, afastemo-nos, mas com paz, não com amargura.


Todos nós erramos, todos precisamos de segundas chances. Antes de nos rotularmos como "opção" de alguém, respiremos, ouçamos, compreendamos. O aparente desprezo pode esconder um grito silencioso por ajuda, um chamado por empatia.


Autorespeito não é sobre fechar portas, mas sobre escolher quais merecem permanecer abertas. É sobre encontrar a sabedoria para amar sem se perder, para proteger-se sem se isolar, para lembrar que, no fim, somos todos humanos, imperfeitos e merecedores de compaixão.

Por favor inscreva-se no nosso canal do Youtube. Este é o vídeo inspirado neste artigo:


コメント


© 2022 Anjo com Amnésia - Venice, California. Todos os direitos reservados.

  • facebook
  • instagram
bottom of page